Um mundo carente de gente

- O mundo está carente de gente!
- De gente?(Risos) Olhe em volta! Gente aqui não falta.
- Não é isso. Você não entende! Deixa.



Os tempos mudaram e as voltas ao mundo já não duram mais 80 dias. A tecnologia avança e tudo fica diferente. Às vezes se confundem robôs e homens, com tamanha evolução científica. Em contrapartida as pessoas estão tão robotizadas que essa confusão se facilita. O que diferencia o homem do robô é a emoção, o pensamento, o coração, os conceitos de vida e a fé.
Pensando assim, fica fácil entender a conversa ouvida nas escadas do metrô. Era dia frio no Rio de Janeiro e o mês de férias ainda não findara. Lá estavam eles conversando silenciosamente. Meio que estremecidos pela conversa, algumas frases, ditas com mais raiva, saíram altas. Nelas a constatação de uma realidade dura e cruel. Não se diz por aí motivos para tais comportamentos; mas é notória a falta de humanidade no “ser humano” hoje em dia.
O ser fica nítido, o humano anda fugindo por aí. Quem sabe não esteja ele dando as benditas voltas ao redor do universo. Estão em toda parte e suas nomenclaturas são duvidosas. Aparências humanas; mentes vazias.


- Realmente não da pra entender. Acho que você surtou!
- Se as pessoas com quem convive são reais: parabéns. Eu acho que só preciso do mesmo. To cansado de gente sem nada pra oferecer; gente que não sabe o que é; a que veio e nem o que está fazendo. Que julga ser bom o que se vê e não o que se é. Gente maluca, gente oca. Não preciso disso. Sinto falta de gente de verdade; com sonhos; anseios; vontades. De gente que sabe que essas coisas vêm do coração e não são simples desejos racionais, passageiros. Que uma vez realizados passam a não ter existido. Muito pelo contrário: essas coisas que motivam a viver, quando se realizam acredita-se ser só o começo, não o término. Entende-me agora?


O costume torna difícil a compreensão que seria óbvia, pois é nítida a comodidade na qual o mundo vive. A relação interpessoal tem prazos para ser estabelecida, hoje em dia.Ela dura o tempo do desejo do outro, ou o tempo do contrato de trabalho. Não se criam mais vínculos. Laços afetivos são mantidos apenas com a família mais próxima, isso quando se sabe o que é família ou quando se a considera. Os valores mudaram ou deixaram de existir e o desejo tomou conta do mundo.
A “Luxúria”, um dos sete pecados capitais, virou a música que embala o mundo e tem anos que não sai da lista das mais tocadas. Quando não está em primeiro, pode ter certeza que perdeu pra “Ganância”. Mas essa, acredite, fica quase sempre em segundo plano. Canções de amor não tocam mais nas rádios.


- Preciso te apresentar alguém, então. Acredito que posso mudar todos os teus pensamentos. Ou, ao menos, te devolver a fé na humanidade. Se existe um alguém, devem existir outros. E sei, em exato, que pode fazer isso.
- Pago pra ver.


Um conceito regrado precisa cair pra ser confirmado. Correto? Ele estava mesmo disposto a mostrar que nem tudo está perdido. Que a janela estava aberta, quando a porta se fechou. Eles saíram do campo de visão. E suas vozes já não mais podiam ser ouvidas.
Na verdade: triste é não conseguir enxergar corações ou perder a esperança de encontrá-los? Duvidar do que se vê, ou julgar todos pela maioria? Não dar espaço as possibilidades ou sucumbir aos desejos passageiros de realizar-se? Não ver a graça de viver ou deixar de sorrir?
O erro deve estar em achar que o único caminho é a porta da frente. No quarto um armário cheio de bons guardados espera a oportunidade de ser revirado, remexido e descoberto. E ainda que não esteja nas portas o que procuras, se utilize das gavetas. Todos os sessenta segundos seguintes são oportunidades de descobertas. Não as busque incessantemente, apenas permita-se. Quando buscamos algo que muito queremos, podemos ser induzidos - por nós mesmo - a acreditar erroneamente em qualquer situação falsa, quando tudo que se quer achar a verdade. E a verdade não vem só do olhar. É possível percebê-la até em palavras ou ainda em escritos.
Ainda existem pessoas que fazem o mundo valer à pena, a proeza está em mantê-las consigo.

Parafraseando:
“Depois, que o que é confuso te deixar sorrir, tu me devolva o que tirou daqui, que o meu peito se abre e desata os nós. Sem mais, a vida vai passando no vazio. Estou com tudo a flutuar no rio, esperando a resposta ao que chamo de amor”

Raffael Silva
4 Responses
  1. Geisa Says:

    Percebemos que estamos sozinhos quando sentimos solidão...mesmo estando na multidão!!!


  2. Luiz Filipe Says:

    I´ve only word to describe this: Wonderful.

    You´re the best.

    I love to reed your texts!


  3. Letícia Says:

    ...
    Eu não teria palavras pra dizer que seus texto me fazem bem....

    Amo Tu!

    Bjs


  4. Denis Says:

    Caramba! Conseguiu colocar a playlist neh???? hehehe Parabéns!!!!