“Queira ou não queira terminou o carnaval...”


Findaram-se os dias de folia e, mesmo com chuva insistente,
Houve quem - qual Sampaio - botasse seu bloco na rua.
Espalhadas nas boas do Rio, multidões aglomeradas
Pulavam, em poças d'água, o carnaval carioca.
Fantasiados com capas de chuva, plumas ou nada,
Nenhuma rua do Rio ficou parada.

É a hora do ano tardiamente começar no Rio...
Voltam as aulas, horas e ainda sim,
Celebram os foliões a vitória da mais bela.
O pássaro, que para no ar, pousou no primeiro degrau
E com o bico levantou a taça da campeã da passarela.

Na avaliação mais crua venceu a melhor...
E quanto a folia : chuva, chuva e mais chuva!!!!
No final dos 45 minutos do segundo tempo...
Um banco, um beijo e a vista do mar: tudo de bom pro ano começar.

Raffael Silva

Caminhos



“Nesse caminho, todo folheado à ouro...
A minha maior vontade é andar.
Andar sem me preocupar se vão olhar, com o que vão falar...
Andar sendo quem eu sou.
Sem querer saber o que as pessoas pensam sobre mim,
Sobre o que eu seria.
Nesse caminho, cravejado de pérolas...
Eu só queria ser um pouquinho mais de mim.
E não me reprimir por olhares, não me cansar sobre as minhas pernas.
Sorrir pela minha vontade e, no final...
Sei lá: viver, aqui estar...
Ser quem eu sou em outra cidade, em outro pais,
Com outra moral, sem ser racional,
Em paz, com luz...
Longe da besteria de querer ser normal,
Disposto a encarar minhas mazelas.
Ali naquela esquina, naquele beco, naquela rua, naquela viela...
Cozinhando com o umbigo na panela,
Lavando minha roupa, ou deixando entulhar minhas coisas...
Acordando no meio de mim mesmo descoberto, despido, alerta.
A verdade, é que eu só queria que o final -
Independente de quando for essa merda -
Um final de fato não parecesse.
Que só fosse só mais um dia, ou menos um...
Que fosse comum.
Que fosse 'eu'.
E, acho que é aí que está:
A busca de ser feliz é a busca de se encontrar.
E enquanto eu não me sentir eu mesmo eu fico aqui sendo julgado,
Reprimido, mal encarado,
Espremido dentro de uma capa, de uma roupa.
Sucumbindo minha vontade de ser,
Despudorando a decência de estar
E perdido num mar de gente sem fim,
Apenas querendo me encontrar.”

Cody

Segunda chance


O relógio já marcava quase 5:00 am., e a mente Cody não parava de martelar.
Buscava um modo de saber como começar a falar, o que deveria dizer...
Tic-taqueando pensamentos e lembranças, buscando lembranças, as inventando.
O que sabia e era fato era a necessidade de mais um beijo.

Mas como pedir um beijo que você já deu e esqueceu o gosto?
Era esse seu tormento. Teria perdido a credibilidade, a memória, ou o caráter?
Confusões e junções faltosas de boas partes se misturavam a uma certeza inafiançável:
Não havia nada, além da vontade assoberbante, a fazer antes da folia.

Assim, nos próximos dias, tinha ele duas escolhas a fazer;
Uma história pra saber como tratar e duas ruas a seguir:
A sem sinais de trânsito e cheia de carros ou a estreita e sombria ciclovia.

Nessa folia de milhões de pessoas solitárias e ausentes
Coube a Cody aprender a esperar a poeira baixar.
Quem sabe assim, não consegue do gosto do beijo lembrar...


Raffael Silva