Estrela


O início passou faz tempo
E não houve meio que justificasse o nada.
Vidas vazias de metades trocadas.
Lâminas afiadas e cortes dolorosamente superficiais.
No ontem, o beijo quente. Agora o tchau valente.
A besta canção que o rádio toca
Lembra e desmente o sentimento
Ora tão real, ora surrealmente idiota.
Parou de estampar as revistas de fofoca, o casal;
Agora só a separação, na parte policial do jornal.
Notícias veladas, polaróides queimadas,
Em tempos de seca, chuva no sertão e camisa para esconder o rosto.
Na súbita intenção de sorrir:
Ruas a seguir cheias de bifurcações e escolhas.
Mala sobre o asfalto quente da auto-estrada a pedir carona,
Pé esfolado, cansado de andar sobre suas próprias bolhas.
Em miragem, um oásis,
Por vezes, em mente seu rosto disforme aparece.
Sem paz, sem nada. Aqui jaz.
Ao fim do longo dia, um estrela de luz forte ainda se via.
Umbigo, apontando o céu, pondo-se a admirar seu brilho.
Na margem do porto, que remetia - do hino nacional - o estribilho.
No mais, ainda que fosse o cais o dilema,
Seguia a canoa virada como poema.
E, assim, rimas, versos e lágrimas frias
Davam formato a correnteza
A desaguar em outras Marias.
Perdas e ganhos e uma infinidade de mar adiante.
Uns remam, outros andam sobre as águas.
E os destinos, assim,se seguem...